Popular entre as companhias internacionais, a pausa para exercícios durante o expediente para cuidar da saúde já é reconhecida no meio corporativo como de extrema importância. A chamada ginástica laboral previne uma série de doenças decorrentes das atividades desempenhadas no dia a dia.
Para o coordenador do curso de segurança do trabalho do Grupo Uninter professor Celso Shiguenari Assahida, os índices de produtividade das empresas estão diretamente relacionados a essas atividades. “O objetivo da ginástica laboral é melhorar o padrão de qualidade de vida dos colaboradores nos mais diversos âmbitos: mental, físico e social. É importante que as empresas estejam atentas ao equilíbrio dos seus funcionários”, afirma.
As ginásticas utilizadas pelas empresas são classificadas como: preparatória, praticada antes do expediente de trabalho; compensatórias, praticadas durante o expediente de trabalho, e de relaxamento, praticadas após o expediente. “A ginástica laboral só traz ganhos, pois a empresa acumula maior capital e seus funcionários se veem mais saudáveis, felizes e satisfeitos. E é por isso que sua aplicação está cada vez mais disseminada no universo corporativo”, diz Assahida.
Ainda de acordo com o professor, a ginástica reduz as faltas dos funcionários por motivo de saúde, aumenta a produtividade, reduz o número de quedas e acidentes de trabalho, e promove maior integração entre a equipe. “Os colaboradores trabalham a reeducação postural, aliviam o estresse diário, tendem a diminuir o sedentarismo e passam a ter mais consciência corporal”, aponta.
Trazida ao país no início dos anos 1970, a prática teve seus primeiros adeptos no Banco do Brasil, na indústria de tecidos Bangu e na Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. De lá para cá, muitas empresas já aderiram à prática, no entanto, o número de companhias que ainda não dispõem dessa atividade é bastante grande.
Na visão do professor, há falta de conscientização das companhias. “As pequenas empresas não geram lucro suficiente para a contratação de profissionais de Educação Física especializados para essas funções. As que podem arcar com os custos da ginástica ainda não se conscientizaram dos benefícios dela”, declara.
Por não ser obrigatória, a ginástica encontra resistência em alguns setores. “Se aprovado o Projeto de Lei n.º 6.213/05, que prevê a criação de programas de ginástica laboral em empresas públicas e privadas, o cenário tende a mudar. O ideal era não precisar de uma Lei para que as empresas tivessem noção da importância dessa atividade”, afirma.
A proposta estabelece que as pausas nas atividades de trabalho devam ocorrer, no máximo, a cada duas horas. Os exercícios terão duração de dez minutos. A ginástica ocorrerá dentro da empresa e as pausas serão consideradas período efetivamente trabalhado.
Caso o funcionário se recuse a participar da atividade, deverá assinar uma declaração isentando a empresa das implicações legais previstas, caso desenvolva alguma enfermidade ocupacional incluída entre as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (Dort).
Por outro lado, empresas que não instituírem o programa de ginástica arcarão com o ônus trabalhista e previdenciário se houver comprovação de relação entre a atividade desenvolvida na empresa e a doença adquirida.
O professor lembra que a responsabilidade com o cuidado da saúde, no entanto, não deve ser transferida para o ambiente de trabalho. “É indicado procurar um profissional habilitado para manter o trabalho físico constante e disciplinado. Manter alimentação balanceada, de preferência com a ajuda de um nutricionista e visitar regularmente um médico. Ter uma vida saudável e equilibrada é a receita correta da felicidade. Para isso são necessárias muita disciplina e consciência”, finaliza Assahida.