Em 2007, o ex vice-presidente americano, Al Gore, fez um importante alerta no documentário vencedor do Oscar, “Uma verdade Inconveniente”. Na época, ele chamava a atenção para o aumento da temperatura mundial que, em regiões de clima tropical, teria entre as consequências o aumento de insetos e de doenças como a malária e a dengue, nas atuais formas de adaptação.
E por que citaria a adaptação? Na hipótese Lamarckista, quanto a teoria de Darwin, a ação decisiva de fatores do ambiente sobre organismos já deixava claro que o ambiente influencia o aumento de populações e, consequentemente, o surgimento de novas doenças. Por isso, o alerta dado em 2007 por Al Gore não pode ser deixado para traz, pelo contrário, devemos ser grandes propagadores deste alerta no sentido me melhorar as condições de vida no planeta e evitar o aumento de populações de insetos que causam doenças que podem levar a morte.
É preciso refletir sobre nossa responsabilidade em relação às novas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus Zika, em evidência nos últimos meses, não é algo recente. Em 1947 constatou-se a presença do vírus em macacos na floresta de Uganda.
Como diria Carlos Drummond de Andrade, “E agora José? A festa acabou, a luz apagou…” Agora, falamos em vacina para evitar também as outras seis formas de contágio do mesmo mosquito, que são os quatro tipos de dengue, a Chikungunya e a Febre Amarela. Caberá às autoridades de saúde criar planos de emergência nos locais mais infectados, com atenção especial neste período, em que estamos no fenômeno El Niño, com muitas chuvas na região sul, sudeste e centro-oeste e casos diários caracterizando um grande problema epidemiológico no Brasil.
Mas isso não basta. A sociedade deverá também fazer a sua lição de casa: evitar acúmulo de água parada e observar os recipientes onde as larvas do mosquito podem se desenvolver. Teremos que criar uma corrente positivista e evitar que a dengue venha se tornar algo incontrolável, até que se tenha certeza de que uma vacina é eficaz.
Que este seja um período para compreender a necessidade de observar as mudanças ambientais e sociais no planeta para entender determinados fenômenos presentes, atuais e futuros.
Rodrigo Berté, PhD – Biólogo, Doutor em Meio Ambiente e Pós Doutor em Educação e Ciências Ambientais, Diretor da Escola Superior de Saúde, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.